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7ª Maratona do Porto - Rui Cunha Campos

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A Minha "Odisseia" 7ª Maratona do Porto"

(Crónica de Rui Cunha Campos)

 

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Domingo, 7 de Novembro, é dia da 7ª Maratona do Porto, a manhã está cinzenta e com aquela chuvinha que quase passa despercebida, o tempo está a incentivar aquele milhar de atletas que estão dispostos a enfrentar a míticas distância dos 42,195 Km, quer chova quer faça sol.

 

Os Porto Runners começam a aparecer de todos os lados, afinal éramos mais de 300. A foto da praxe com a malta do clube estava marcada para as 8h30 junto à porta do Palácio de Cristal. Seguiu-se o aquecimento e a ida para a linha de partida.

 

O ambiente está efusivo, somos convidados a olhar para um ecran gigante estrategicamente colocado que nos mostra as imagens da edição anterior, ao som de uma banda daquelas que penetram no espírito de todos e faz com que cada um acredite mais em si mesmo.

 

O locutor deseja uma boa prova a todos e é dado o tiro de partida. Subimos a Rua de Julio Dinis como que nos despedindo da partida e dispostos a atingir a meta, a paisagem é bem diferente dos outros dias, pois o cinzento do alcatrão foi substituído por milhares de atletas envergando camisolas de várias cores uma multidão feliz. Começa a descida e a passagem pelo Estádio do Bessa.

 

Alguns companheiros do PortoRunners passam por mim, incentivando mas estava no “meu” ritmo”, o retomar da Av. Da Boavista e a passagem pelo local da Meta, no Parque da Cidade. Sentia-me mal sem preparação para o desfio mas confiante. No 1º retorno, junto ao Edifício Transparente, vou a “curtir” as minhas músicas atento ao que se passa ao meu redor, ia sendo ultrapassado e sem ultrapassar, mas tudo bem, o caminho faz-se caminhando e as Maratonas fazem-se correndo ao nosso ritmo. Ponte D. Luís. Passei já os quenianos tinham voltado.

 

O caminho para a Afurada, é sempre entusiasmante pois aquela gente maravilhosa da Afurada não deixa de nos dar o seu apoio, e quem andas nestas coisas entende bem o valor que tem um estimulo destes. À saída da Ponte D.Luís , 25Km já estavam percorridos mas começa uma das partes do percurso psicologicamente mais marcantes pela negativa, até ao retorno dos 28,5km. O muro dos 30km está ultrapassado, o meu Aquiles esquerdo começa a dar sinal de descontentamento, a que lentamente se tinha instalado, despoleta numa dor mais forte.


Entre a desistência e o abrandar ritmo, deitando por terra os “tempos” tomei a decisão que julgo ter sido a mais acertada, reduzir drasticamente o ritmo e suportar a dor. Nesta luta entre eu e o meu Aquiles , encontro um Companheiro de corrida, que desconhecida até aquele momento, ele também decido a desistir, tive a coragem de o incentivar e ele acedeu, foi a minha companhia até ao cortar a Meta.

 

À passagem do túnel, 31km . Propus ao meu novo companheiro de percurso - Rui, um alargar do passo, algo do tipo entre a marcha e a corrida, e acedeu e lá nos lançamos em mais uma etapa até à grande final.

 

37Km. O Aquiles volta a “queixar-se” como que a dizer não abuses que eu posso rebentar! Não vinha nada a calhar. Tive mesmo de voltar a abrandar, o Rui acompanhava e agradecia sempre que se impunha um abrandamento do ritmo. Passava os atletas que vinham atrás.

 

Rotunda do Castelo do Queijo: Estamos a contornar a dita cuja rumo ao edifício transparente e para grande espanto vejo o Mark Macedo a passo, admiração total, pergunto o que se passou e tenho uma resposta imediata “Rebentei” Acontece Iniciamos a última subida. Já nada nos podia fazer desistir. Como que uma força secreta sai das pernas já cansadas e adrenalina de cortar a meta com os nossos filhos dá um impulso que faz esquecer a dor.

 

Avista-se o pórtico dos 42Km. Levo um ritmo razoável, pois comecei a passar alguns atletas e a afastar-me do Rui. As pessoas que estavam na avenida, aplaudiam, e como que formavam uma passagem triunfal junto ao pórtico, a partir do qual estavam instaladas as vedações da zona de chegada.

 

A curva para a esquerda vem ao meu encontro o meu filho Francisco , a passadeira vermelha, e lá está o meu filho mais velho na sua cadeira de rodas, pois tem o pé partido e não pode andar, recebo aplausos de pessoas do meu Clube e de desconhecidos, o Francisco segue comigo como que a reboque, agarro a cadeira de rodas e empurro até à linha da meta olho para o relógio 4h58m00s! Não foi um tempo razoável nem tão pouco um bom tempo.

 

Falhei no relógio, mas conquistei o meu objectivo, a razão porque sofri para cortar a meta.

 

Os meus Filhos…