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11ª Maratona de Milão 2011 - Crónica Vitor Dias

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11ª Maratona de Milão 2011

(Crónica de Vitor Dias)
in correrporprazer.com
 
 

A minha maratona de Milão

 

O assador estava demasiado quente, mesmo assim pus lá toda a carne e o almoço saiu gourmet, saiu mesmo o melhor de sempre.

A PREPARAÇÃO

Desde o final do ano passado que esta maratona começou a ser preparada por grande número de atletas da minha equipa (Porto Runners). Ao todo inscreveram-se para esta prova 42 corredores, todos eles na prova rainha. Desde essa altura que se começaram a elaborar planos de treinos, uns conhecidos e outros novos. Foi o meu caso e do meu amigo Luis Pires. Analisamos e pusemos em marcha um plano de 12 semanas. Trata-se de um plano do treinador brasileiro Ayrton Ferreira e que o nosso amigo João Meixedo nos chamou à atenção numa revista Atletismo de há uns meses atrás. O plano era arrojadíssimo. De um não inicial, passamos a um talvez e depois a um “vamos a isto”. Com tal plano, havia muita coisa a considerar, sendo a principal, a forma de como arranjar tempo para o fazer. Como sempre foi a família a pagar a maior factura.
 
 

 

 

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Seis dias por semana, com um único dia de descanso (sábado). Foram 12 semanas de treino intenso mas que não me custou nada em termos físicos e principalmente psicológicos. Não fiquei farto de correr em altura nenhuma do plano. Talvez tenha sido pelo facto do mesmo ser muito variado, nada monótono mas principalmente pela companhia. Correr com o Luis Pires é como estar numa aula e não querer que a campainha toque. Foram 1166 Kms de corrida num total de 100 horas. Nunca corri tanto em tão pouco tempo. Cumpri o treino a 90%. Falhei 7 treinos  por impossibilidade familiar ou profissional, ou em alguns casos por opção de descanso.

 

A VIAGEM

 

A deslocação à capital da moda era vista com alguma expectativa por toda a comitiva. Ao todo éramos quase 100 pessoas. Grande convívio, grandes momentos de descontracção, grande companheirismo. Fosse qual fosse o resultado obtido, todos se dariam por satisfeitos. Afinal a corrida tem sido apenas um pretexto para nos divertirmos. A nós se juntaram outros companheiros portugueses aos quais quero destacar a equipa Sunset Runners, que com a sua simpatia abrilhantou muitos dos momentos passados.

 

A PROVA

 

Foi uma semana de olhos postos na metereologia. As previsões eram de tempo quente e de humidade reduzida. A própria organização emitiu na quarta-feira anterior um comunicado a alertar para o facto. Na véspera, chegamos a ser abordados por atletas italianos que nos falavam em “Caldo”. Calor, calor, calor. Estávamos mais do que à alerta e avisados. Eu dou-me mal com o calor e optei por levar camisola de alças e não levar boné, óculos, lenço ou outro qualquer adereço. A ideia era praticamente “tomar banho” em todos os abastecimentos de forma a baixar a temperatura corporal.
 
Fomos para o local da prova de metro (transportes gratuitos para quem ia correr), eu o Luis Pires, o João Meixedo e o Vasco Batista. Grande ambiente no metro, quase só atletas em direcção à Feira de Milão onde o tiro de partida nos esperava às 09h20. Á chegada grande grupo da Porto Runners em amena cavaqueira. Juntamo-nos para descontrair e para a habitual foto de família.
 
De seguida partimos para um aquecimento de cerca de 20 minutos isto depois de enfrentar as já numerosas filas de casas de banho. Fomos para o local de partida e entramos no controlo previamente escolhido aquando da inscrição. (3h00 a 3h30). Pouco depois lá íamos nós rumo à cidade que distaria cerca de 15 Kms do local da partida. Despedimo-nos uns dos outros porque isto de irem uns devagar demais e outros depressa demais é coisa que prejudica uns e outros.
 
O Vasco, o Luis e o Carlos Rocha arrancaram para junto dos balões das 3 horas e eu fiquei-me mais atrás, embora a um ritmo superior ao que previamente tinha estipulado. Mesmo assim, o balão das 3 horas andou ali na minha linha de visão até pouco depois dos 10 Kms. A minha ideia era andar um ritmo um pouco mais que o normal aproveitando a temperatura ainda não muito alta. Quando ela subisse como o previsto, eu poderia ter já uma boa margem de vantagem já com o objectivo da minha nova marca pessoal garantida.
 
Foi a primeira maratona que fiz completamente sozinho. Perdi o medo de o fazer, concentrei-me e levei a coisa a sério. A preparação tinha sido boa e nunca me tinha sentido tão em forma. O alcatrão foi deslizando debaixo dos meus pés com grande naturalidade, e aos 10 Kms, aos 15 Kms e à Meia maratona, passei com um tempos inferiores às minhas melhores marcas nestas distancias. Como era isto possível? Noutras circunstâncias ficaria assustado, aqui não fiquei. Eu sabia que estava bem preparado e que só o calor ou uma quebra muito grande me faria não alcançar o meu objectivo e muito menos não acabar a prova.
 
Fui aguentando o calor e o cansaço nos últimos 8 Kms e consegui acabar com 10 minutos de vantagem sobre a minha melhor (Berlim 2009), com o tempo de chip de 03h07m51s e um tempo oficial de 03h08m12s.