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Galicia Maxica Trail Adventure – Trail Sierra do Galiñeiro - Crónica Rui Campos

Galicia Maxica Trail Adventure – Trail Sierra do Galiñeiro

Crónica de Rui Campos

27 Agosto de 2011

 

 

Foi no Free-Running na Serra da Freita organizado pelo PortoRunners em 23 de Julho 2011 que tive conhecimento do Galicia Maxica Trail Adventure – Trail Sierra do Galiñeiro através da informação prestada pelo José Moutinho, confesso que depois daquele treino, bem puxado, não relevei, pois adorei a Serra mas o esforço físico estava para além da minha zona de conforto, ainda sonho com a subida para as eólicas…

Passadas umas semanas, mais precisamente no Free-Running com o Carlos Sá, lá estava o José Moutinho novamente a divulgar a prova do Galicia Maxica Trail Adventure – Trail Sierra do Galiñeiro, e entregou-me um folheto que eu guardei religiosamente no bolso do meu corta-vento, mas como a chuva era muita durante todo o percurso, no final apenas restou uma “papa de folheto”.

 

 

Mais umas semanas e chegam as férias, rumo ao sul com a família, não esquecendo, o equipamento para dar umas corridas e o portátil para manter o Facebook actualizado, e foi aqui que através do chat fui conversando com o José Moutinho, palavra puxa palavra, pergunta leva resposta e então lá decidi participar, consultei a família e todos me apoiaram, então em plenas férias, dia 18 Agosto através do site da prova efectuei a minha inscrição, tendo sido confirmada por e-mail no dia 19.
O desafio estava lançado, não mais parei de pensar no Trail da Sierra do Galiñeiro, as férias foram passando, e eis que rumamos ao Norte para depois ir até Vigo.
Sábado dia 27 de Agosto, o grande dia chegou, conforme combinado com o Carlos Rocha e o José Espírito Santo lá nos encontramos as 12h30 no Parque da Cidade e rumamos a Espanha, parando em Valença para um almoço ligeiro antes da prova.
Seguimos para Vincios (Gondomar), chegamos cerca de uma hora antes da prova para equipar, pagar a inscrição, levantar os dorsais e fazer o aquecimento, a hora vai chegando, tiramos a fotografia do grupo.

 

 

 

 

Lá fomos para o aquecimento, os nervos começam a aparecer, ao ouvir o José Moutinho dizer que a Prova é dura e tem percursos extremamente técnicos, bem estou lixado, pensei para mim, mas quero fazer esta prova o melhor possível, agradecer á minha família que me acompanhou e aos meus amigos Carlos Rocha, José Espírito Santo, Laurentina Gomes e Fernando Rocha que também iam participar e não se cansaram de me apoiar. A Isabel o Bernardo e o Francisco estavam atentos a tudo antes da partida, nada lhes escapava, escolheram o melhor ângulo para me ver na partida e sacar a foto do momento, esperava que desfrutassem o dia, pois eu já estava a desfrutar o momento.

 

 

 

 

É dada a partida, seguimos todos rumo ao Trail, agradeço os apoios á passagem, desejo boa sorte aos meus companheiros de corrida, espero que nada lhes falte, posiciono-me no meio da multidão dos 326 atletas inscritos e lá vou eu na primeira e longa subida, parecia-me… pois as lonnnnnnnngaaaaaaaasssss haviam de aparecer mais á frente, uns saíram disparados o ritmo é bestial, desde o principio começam as paragens, isto parece duro, depois de uns metros já nos vamos separar, o calor aperta, chegamos ao primeiro  abastecimento  as pessoas anónimas apoiam-nos, sinto confiança, começa a ficar duro uma grande subida com muito desnível, muito conhecido, segundo alguns espanhóis que iam ali ao meu lado, mas isso não lhe tira a dureza, mais á frente estão mais pessoas anónimas a apoiar, que emoção e quanta gente nessa zona de subida, sigo a minha ascensão não muito rápido mas com precaução, uma queda ali seguramente seria fatal, chegamos ao cume, estou todo partido mas com grande vontade de continuar o desafio, começamos a rolar pelo cume da serra, desde aqui podemos visualizar os que vão à frente e os que vêem atrás, chegamos a uma forte descida de pedras soltas e perigosas, foi aqui que o pé esquerdo mal apoiado provocou a entorse, aiiiiiiii, pensei que não era nada importante, queria acreditar que não era importante aquela lesão, sigo outra subida a outro pico e outra descida técnica e difícil com um piso que não sabes onde pisas, o pé esquerdo começa a acusar e a avisar que não está operacional a 100%, chegamos a uma zona de caminho e chegamos ao segundo abastecimento, saímos para cima outro monte de zona rochosa e outra subida curta, mas já dura com as pernas castigadas, diante de mim tenho o José Espírito Santo, vamos conversando, descida, a primeira queda e mais á frente outro abastecimento o mesmo que o segundo porque o percurso fazia um loop, saímos disparados, agora toca a correr, descemos uma cascata de descendente rochoso e muito perigoso, mais uma queda, chegamos ao caudal de um riacho seco, com algum verdete escorregadio, raízes e outras coisas que nos atrapalham, aproximamo-nos da margem da lagoa Zamanes e durante uma boa parte do percurso contornamos parte das suas margens, começa outra subida, passamos ao lado de uma auto-estrada e continuamos a subir por uma zona de caminho duro, aqui estou de novo com o José Espírito Santo que se tinha adiantado, um pouco mais á frente a minha intuição diz-me que devemos virar á direita, mas não há marcas e seguimos a pista principal, vemos outros atletas mais á frente, alguém tinha tirado as fitas do caminho e no cruzamento onde deveriamos virar, as minhas duvidas estavam esclarecidas sigo o caminho e mais á frente vejo as fitas, com a voz mais elevada digo é por aqui!!, então a minha adrenalina dispara e começo a correr mais forte, mas… o pé esquerdo não permite… há que gerir o esforço para poder terminar, subo já com as pernas muito cansadas sigo sem ser alcançado por ninguém, aguento até ao ultimo abastecimento, bebi muita água, pergunto quanto falta, dizem-me 3Km’s, sigo, não é o momento de parar, faltam apenas 3Km’s de descida, aqui tenho de novo pessoas anónimas  a animar-me e apoiar, olham para a Bandeira Nacional que tenho gravada na manga esquerda da camisola do PortoRunners e dizem força Portugal, animo…, mas eu quase nem os consigo olhar, a minha mente apenas tem um pensamento: cortar a meta, estou possuído com este pensamento, começo a descida, mas também aparecem algumas subidas que embora curtas custam muito, a minha cabeça já não pensa, as pernas doem por todos os lados, elementos do staff da prova animam-me, faltam apenas 400 metros, mas 200 metros depois avisto o Bernardo, ele estava impaciente, esperou  por mim para me dar a mão e cortar a meta comigo, mas logo a 100 metros dele  está o Francisco, e de  mãos  dadas aos  meus  dois   filhos   eis   que corremos em direcção para cortar a  meta de forma triunfal,
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depois de 21Km’s de percurso duro e agreste, mas para mim muito especial, lá estavam o Carlos Rocha, a Laurentina Gomes e a Joana, mais a minha mulher Isabel os quais me felicitaram e me deram aquele apoio que nos faz sentir que vale a pena participar nestes eventos e ter estes Amigos e esta Família fantástica.
Este é o meu Trofeu! O único Trofeu que é impossível ser-nos roubado.
Agradeço o incentivo recebido pelo José Moutinho, o apoio incondicional da minha família, o apoio sempre pronto dos companheiros do Porto Runners e também à Galicia Maxica Trail Adventure o ter tornado realidade este circuito.
Um forte abraço a todos.