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Isostar Desert Marathon 2011 - Crónica de Telmo Veloso

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Susana e Telmo vencem a Isostar Desert Marathon

(crónica de Telmo Veloso)

16 de julho de 2011

 

No dia de Aniversário do Porto Runners (16 de julho) disputou-se no Deserto dos Monegros, região de Aragão, a Isostar Desert Marathon (IDM) na distância de 112 km. A IDM foi a primeira ultra-maratona desértica realizada na europa, tendo sido em regime de semi-autossuficiência (só forneceram líquidos de 13 em 13 kms). A peculiar orografia e climatologia, com temperaturas a rondar os 40º C, recriaram condições semelhantes às do Deserto do Sahara onde se realiza a conceituada Marathon des Sables, que serviu de inspiração para esta prova. O 1º prémio era, por esse motivo, a inscrição na Marathon des Sables para o 1º homem e 1ª mulher.

 

A distância em conjugação com o calor (a IDM iniciou-se ao meio dia com 37 graus) deu origem a um desafio muito duro e difícil de superar. Prova disto foi o elevado número de desistências, dos 122 atletas que iniciaram a IDM apenas 61 cruzaram a linha de meta.

 

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Nos homens a tarefa adivinhava-se extremamente difícil. Iniciei a IDM a um ritmo moderado, assumindo sozinho o 4º lugar. Aos poucos ultrapassei o 3º e o 2º classificado. Ao km 40 encontrei, para meu espanto, o 1º classificado, Miquel Capó (6º nos mundiais de 100km e vencedor de várias maratonas e trails entre os quais a última edição dos 101kms de Ronda). O atleta de Maiorca estava em claras dificuldades por causa do calor e já ia a caminhar. Tentei anima-lo e decidi seguir com ele até ao posto de abastecimento seguinte. Miquel Capó, depois de beber água, voltou a recuperar e afastou-se de mim mas, passados alguns kms, voltei a ultrapassá-lo. No posto de abastecimento seguinte esperei novamente por ele e resolvemos, a partir desse momento, seguirmos sempre juntos. Várias vezes fui a passo porque ele estava com dores. Aos 101 kms, com o cair da noite, o espanhol sentiu-se mais fresco e acelerou deixando-me para trás, no entanto antes de cortar a meta sentou-se e esperou que eu chegasse para me deixar vencer. Foi uma demonstração de Fair-play que todos os presentes elogiaram e aplaudiram com entusiasmo. Ele reconheceu no final que “se não fosse o ânimo e companhia do Telmo na altura mais crítica da prova eu teria desistido, não podia cortar a meta à frente dele”.

 

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Esta ultra-maratona mostrou que o desporto não se resume a ganhar ou perder, eu assumi essa postura quando decidi ajuda-lo apesar de saber que ele era um superatleta impossível de acompanhar se conseguisse recuperar fisicamente (como constatei na parte final). Ele demostrou que os campeões não se mede só pelos resultados!!!

 

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Cortei a meta com 11h15 e foi a vitória mais importante de toda a minha vida desportiva!Entre as mulheres a Susana começou a um ritmo confortável e deixou as adversárias assumirem a liderança. A partir do km 26 passou para o primeiro lugar e obteve a vitória em 13h27, sendo 8ª da geral!!! A Susana deverá ter sido o único atleta em prova que não caminhou em qualquer parte. Os jornais espanhóis no dia seguinte resumem a forma física da Susana: “tinha as pernas tão frescas quando cortou a meta que nem parecia que tinha corrida 112kms.”

 

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No final a emoção foi grande. Eramos os únicos portugueses e conseguimos uma inimaginável dupla vitória que nos garantiu a inscrição na Marathon des Sables 2012 para os dois, um sonho que tínhamos há vários anos.

 

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